31. Cadê o Disco?

Algo que precisávamos para hoje era outro dia de Sol igual ao de ontem. Com um plano para subir até aos 2700 metros de altitude, a chuva e frio podem ser um problema sério. Felizmente o bom tempo mantinha-se, pelo menos por aqui… Aprontámo-nos e descemos até à sala dos pequenos-almoços. Já lá estava um fulano maduro a comer, provavelmente o alemão da Explorer que vimos ontem. Tomámos o pequeno-almoço e seguimos com a rotina das manhãs de reempacotar tudo nas motas… E foi aí que me apercebi que me faltava o disco externo onde tinha estado a guardar todo o relato de imagem da viagem… Oh desgraça! Tirei o saco e despejei-o em cima da mota a ver se não estava ali o disco… e nada. Abri as malas e virei-as do avesso… e nada… Foi-se! Fiquei lixado comigo mesmo! Felizmente o Rui e o Miguel tinham as suas fotos ainda nos cartões de memória, mas todo o vídeo e grande parte das minhas fotografias estavam naquele disco… Ora a última vez que me lembro de o ver foi de véspera, junto ao lago em Hallstatt: toca de ligar para lá… Ninguém atendeu… Bolas. agora temos mesmo de seguir caminho... Liguei para a casa a pedir que tentassem contactar com o hotel a ver se achavam o disco e a possibilidade de o enviar para casa...

No entretanto, chegou o alemão que meteu conversa connosco. Estava ali para o Tridays. O tipo reparou que tínhamos as vinhetas coladas nas malas e avisou-nos que poderíamos ter problemas com a polícia: disse-nos que tinham de estar coladas em partes não amovíveis… Ele próprio tinha levado uma multa por ter a vinheta colada no vidro. O mais normal é colar nas bainhas. Bom, agora nada a fazer, esperemos não ter chatices até sair da Áustria.

Fomos à nossa vida que é como quem diz em direcção a Itália. Mas antes ainda tínhamos uns valentes quilómetros pela frente de paisagem verdejante. O Rui queria tirar uma foto com um dos muitos bonecos de propaganda do Tridays que estavam espalhados nas imediações... Encontrámos um à saída de Neukirchen, mas o sítio não era grande coisa e implicava meter as motas paradas em fora-de-mão para se conseguir apanhar o "britânico"... Eu achei que era melhor evitar "acrobacias" matinais e deixei-me estar estacionado no lado certo da estrada.

Tritigers, Tridays - Neukirchen, Áustria

Depois metemos-nos por uma estrada secundária levada da breca: estreita, torcida e com um pavimento que não lembra ao Diabo. Ao nível do pior piso escavacado que temos nas nossas nacionais, quiçá ainda mais horrível! Uma valente porrada nas costas. Mais adiante voltámos ao vale e apanhámos algumas rectas com bastante movimento. E aqui destaque para a falta de cuidado destes artistas: pessoal a pisar o traço contínuo para ultrapassar a grande velocidade não é inédito por aqui. Depois os semáforos mudam de vermelho para laranja e depois para verde. Ao laranja já está tudo pé a fundo no acelerador, e se um tipo não for rápido no gatilho é logo ultrapassado no semáforo. Vimos isso a acontecer com o Rui que foi ultrapassado por um tipo que pisou assim que o semáforo mudou de vermelho para laranja. É claro, ia dando asneira, pois quando o Rui arranca tinha um carro a querer atravessar-se à frente. Manobra totalmente desnecessária. O Barradas enervou-se e meteu-lhe a Tiger á frente de novo. Fez-lhe sinal com o braço para mostrar o desagrado e depois o tipo teve de gramá-lo tranquilamente à frente dele. Não sei se percebeu a reprimenda, pelo menos não refilou. Está certo que um tipo quando vai de mota é sempre o elemento mais fraco, mas caramba isso não quer dizer que não existimos na estrada como os outros… Enfim, isto para dizer que apesar de terem um dos rendimentos por capita mais elevados na Europa, isso não os faz necessariamente os mais civilizados. Do que me foi dado a ver, os espanhóis na estrada são, por exemplo, bem mais certos que este pessoal.

Finalmente apanhámos a autoestrada que passa ao lado de Innsbruck e foram uns 200 quilómetros praticamente a direito, sempre sem largar a paisagem de montanha ao nosso redor.

E depois disto saímos para Sul em direcção a Itália que alcançámos pouco tempo depois entrando por Résia ou Reschensse (aqui ainda se falam duas línguas).

Estava na hora de começar a pensar no almoço, fomos andando ficando atentos a eventuais propostas interessantes que aparecessem na estrada. Junto ao lago de Résia fizemos um pequeno desvio para uma paragem técnica e mais umas fotos claro.

Panorâmica do lago - Résia, Itália

Comuna italiana de Résia do outro lado - Résia, Itália

E foi aí que descobri o disco externo que supostamente tinha perdido! Caneco, estava abatido com esta ideia de ter perdido quase todo o meu registo fotográfico. Felizmente tinha-o enfiado numa bolsa de rede na lateral da mochila fotográfica. Não costumo colocar ali nada, devo o ter metido ali à pressa e não mais me lembrei dele… Chiça, que alívio!

Já se estava bem de manga curta (Rui e Miguel) - Résia, Itália

No regresso ao percurso vimos ali um restaurante sobre o lago. Acabámos por lá ir espreitar. Era uma espécie de casa antiga adaptada a restaurante. Havia uma esplanada mas preferimos ficar dentro de casa. A vista daqui sobre o lago era fabulosa! A senhora falava muito mal inglês, mas lá percebemos que tinha ficado sem electricidade e que só tinha pratos frios de saladas.

Résia, Itália

Olha menos mal. Pelo menos não é pizza… e é saudável vá. Vieram três saladas bem aviadas de legumes com um trave picante e depois por cima disso as sobremesas claro. Foi um almoço leve e não ficámos mal… Não houve foi café… Temos de tomar mais adiante.

Résia, Itália

Contornámos este lago de azul turquesa e parámos na ponta extrema a Sul onde existe um estacionamento com vista privilegiada sobre uma torre de igreja afundada. O lago é artificial e data de 1950, tendo ficado submersas as ruínas de uma igreja do século XIV cuja torre ainda se ergue das águas. Dá um postal bem jeitoso…

Torre da igreja submersa - Lago de Résia, Itália

Fomos a um café que havia ali defronte, mas mesmo problema… Ainda vamos ter de andar uns bons quilómetros até apanhar alguma coisa a funcionar. A ver se o Miguel aguenta, que o homem começa a stressar com a falta de cafeína!

Um par de fotos e siga caminho… Fomos descendo passando por uma série de aldeolas. Parámos na primeiro que nos pareceu não ter problemas de luz eléctrica, o que aconteceu uns quantos quilómetros depois. Estacionámos as motas no parque e entrámos numa espécie de café/pastelaria muito semelhante às que temos por cá. Cafézinhos para todos, se faz favor! Estava um bocado de calor por aqui, mas sem ser desagradável. Depois dos cafés aproveitámos para olear as correntes: é um ritual que se faz frequentemente, mais ou menos a cada 500 quilómetros lubrifica-se a transmissão. A três é coisa para se fazer depressa. Dois metem a mota no descanso central, e outro agacha-se e passa o spray enquanto o que está a segurar a mota atrás faz girar a roda traseira com o pé... A transmissão agradece.


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