16. Um pulinho até Budapeste

Uma coisa estava certa, chiça! Comida italiana não seria de certeza! Parámos junto a uma dessas barraquinhas que tinha umas quantas fotografias penduradas dos pratos… Olha, é mesmo aqui, é só apontar com o dedo.

Sentámo-nos e pedimos o menu em inglês. Estava uma miudinha a atender, mas não se desenrascava bem... Bom, mas pela ementa e pelas fotos conseguimos nos orientar.

Primeira refeição húngara (Rui e Daniel) - Balaton, Hungria

Eu pedi uma “mistela” de panado com natas e pêssego (não parece, mas até combina bem), acompanhado com uma batata amassada. Pelo que percebi os panados nesta região do globo são populares. Também é usual se ver a esmagada de batata. Não nos pareceu mau e sempre varia das ementas italianas. De sobremesa veio um crepe encharcado em chocolate… Uiii… Ca Bom!!!…

Depois de bem almoçados e ainda antes de voltar à estrada seguimos pela rua até à margem do lago. Um espaço bem agradável e tranquilo todo ajardinado...



A maioria das “praias” aqui são assim, feitas de relva. Algumas até têm o acesso condicionado. São umas espécies de clubes onde só se entra pagando.



Muito jeitoso mas não nos demorámos muito ali, apenas o suficiente para esticar as pernas e tirar umas fotos para recordação póstuma.



As motas estavam bem e como as tínhamos deixado. Siga! Toca a fazer mais um bocado disto. Há ainda um quantos quilómetros a fazer até chegar à outra ponta do lago. Mais ou menos a meio, a margem faz o efeito de uma península. A península de Tihany. É também daqui que saem os ferries para a outra margem.

Ao entrar na vila percebe-se logo a importância turística que o local tem, a oferta é muita: desde a venda de breloques, a refeições e quartos.

Passando a vila, chega-se ao cais. Deixámos as motas no estacionamento e fizemos os 200 metros até à beirinha do lago. Tudo calmíssimo por aqui.



Havia um vento agradável que provocava uma ondulação na superfície do lago.



 Aquela extensão de água fazia lembrar o mar, não fosse aquela tonalidade verde e conseguir avistar a outra margem (são 77 quilómetros de comprimento, mas 14 de largura na parte mais afastada).



Tirámos umas fotos, uma delas os três alinhados no ar!



Depois regressámos ao parque e continuámos a nossa viagem pela margem.

Já na ponta Norte há ali mais um sítio com grande pinta. Uma espécie de balcão sobre as águas onde o pessoal se vai distribuindo pelos bancos que ali estão colocados espaçadamente. A estrada é formidável, de um lado arvoredo denso que vai por vezes destapando para mostrar algumas vivendas com vista privilegiada, do outro a água quase ao nível da estrada.

Outro pormenor interessante é que ao longo do lago (pelo menos no lado Norte) existe uma ciclovia que segue praticamente à beira deste. Fazer isto tudo a pedais também deve ser um regalo. Claro está, faseadamente, sempre são no mínimo uns 80 quilómetros para cada lado!

E depois desta barrigada de bom mototurismo, voltámos à auto-estrada que aponta para a capital. Fantástico este desvio, altamente recomendável.

Ao final da tarde estávamos a entrar em Budapeste, e também aqui se tinha terminado a calmaria. Às voltas com o GPS, não entrámos bem por onde se pretendia, o que não impediu de emendar o percurso.

Confusão esperada na capital, muito trânsito por todo o lado. Numa mudança de direcção ia mandando uma arrochada a um tipo que saiu do estacionamento a grande velocidade. Tive de fazer um toureio com o guiador para não lhe acertar. Acho que o tipo nem me viu chegar.

Depois de andarmos pelas avenidas e ruelas, por cima e por baixo das pontes, encontrámos o bairro onde estava reservado o alojamento. Sem grandes certezas estacionámos as motos na esquina. 

Chegámos - Budapeste, Hungria

Tínhamos reservado um apartamento e era preciso ligar a um fulano qualquer para nos fazer o check-in. O tipo apareceu em menos de nada. Um rapaz novo, simpático e com um inglês fluente. Deixámos as motas num parque subterrâneo com guarda, mesmo em frente ao prédio onde iríamos ficar. Muito cómodo. Bom, excepto a parte de ter de alancar com as malas dali de baixo. A porta da residência assustava um pouco, estava um bocado escavacada. O hall de entrada, idem. O edifício teria seguramente mais de cinquenta anos. O elevador era mais recente, todo pintado a vermelho, mas continuava a ser exterior e enfiado num daqueles poços em estrutura de ferro.


O prédio tinha aquele formato muito popular dos anos sessenta. Um pátio no centro, todo aberto até cá acima e as habitações do lado de fora em redor deste. Na altura privilegiava-se a luz natural em detrimento do espaço. Hoje em dia os pisos seriam provavelmente inteiros. Em cada piso estava uma varanda que fazendo uma espécie de anel interior, permitia o acesso às várias habitações. Enfiar a bagagem no elevador e subir com ela não foi a coisa mais fácil, o espaço do elevador era bem pequeno.

3 pessoas, sacos, malas e capacetes num elevador de 1 metro quadrado - Budapeste, Hungria

O nosso alojamento correspondia a um apartamento inteiro recuperado com obras recentes. Um quarto amplo a servir de sala e cozinha, outro mais pequeno e uma casa-de-banho. Não propriamente uma fartura de espaço, mas mais que suficiente para nós três. Apontamento curioso: toda a canalização estava à vista. Não é a coisa mais estética, mas seguramente a mais prática. Era assim que se fazia antigamente. O resto estava tudo praticamente novo. Desde o soalho à pintura.

O tipo esteve ali connosco um bocado à palheta e foi-nos dando as instruções necessárias. E depois de lhe pagarmos em numerário explicou-nos como se processava o check-outautomático”. No exterior, junto à porta do apartamento estava um pequeno cofre com segredo. Só teríamos de fechar tudo (sem deixar nada lá dentro, claro), meter a chave no cofre e fechá-lo… E pronto. Alguém mais tarde iria lá recuperar a chave. Olha que engenhoso!

Da conversa que tivemos com ele percebemos que o fulano tinha jeito para o negócio. Ele e o amigo dele, pois aparentemente o verdadeiro proprietário do apartamento por falta de disponibilidade não nos pode receber e enviou o amigo. Do que percebemos, estes dois dedicavam-se a recuperar apartamentos deste género na cidade e a alugá-los aos turistas. E ainda bem, pois tão bem situado e com estacionamento seguro à porta, deu-nos um jeitão!

A ideia de seguida era ir procurar jantar. O Rui estava com desejos de um bom Goulash e o tipo deu-nos uma dica de um sítio não muito longe dali para provar um.

Banhocas tomadas e roupa civil vestida, saímos à rua. Os tipos andavam malucos! A Hungria tinha acabado de vencer a Áustria por dois a zero.

Portugal jogava nessa noite também e estávamos com vontade de arranjar um bom sitio para ver o jogo. Depois de andar um pouco demos com o restaurante que o fulano nos tinha apontado. Local com muito bom aspecto.

Sentaram-nos junto a um televisor, perfeito. Goulash para os três de entrada. Para quem não conhece, é uma espécie de sopa ácido-picante típica, baseada num caldo de carne e legumes. Estava muito boa e muito bem servida.

O tradicional Goulash à húngara - Budapeste, Hungria

Eu e o Miguel escolhemos peixe, que já há um bocado que não o víamos no prato. O Barradas virou-se para a chicha. Estava tudo fabulosamente cozinhado e apresentado.

À nossa - Budapeste, Hungria

Só faltou mesmo Portugal ganhar à Islândia (tinha empatado). O empregado que nos atendeu estava confiante e ia insinuando que a Hungria estava forte e que ia derrotar os lusos no próximo jogo (mal sabia ele do desfecho da história). Saímos dali bem jantados e fomos desmoer um bocado pela rua.

Os gajos estavam malucos com a cena do Euro. As praças estavam transformadas em fan-zones e pelas avenidas viam-se gajos a “arregaçar” de carro e outros a fazer “cavalinhos” de mota… Também não admira, aqui a cerveja é servida a meio-litro em grande oferta, e estes gajos bebem muito. À noite não é raro ver um individuo a cantar ao gregório numa ruela…
E Budapeste é um pouco isto, uma mescla de juventude, com história. Ou melhor, de gente jovem e edifícios históricos. Creio que foi o que mais me encantou, e é difícil materializar essa sensação em letras, mas diria que estes tipos conseguiram adequar em harmonia o frenesim da vida urbana moderna a um cenário imponente, histórico e respeitoso.

Recolhemos à nossa habitação e não demorámos muito e enfiar na cama. Amanhã seria dia livre pela cidade, com um percurso amplo para visitar todos os spots recomendáveis.

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